POESIA

O apanhador de cometas

O observador olhava atento para o céu

tantas estrelas, tantos brilhos.

Mas tudo era comum, como num dia de chuva

monótono e sem cor, sem sabor, eram só estrelas

e aquela doce via láctea, que tinha a cor da paixão

 era o que se sentia no coração sem medo, 

sem temor, fitos eram os olhos do observador.

No silencio negro, ouvia-se o suspiro dos desesperados

que sufocam suas dores, e dizem, são lindas estrelas

mas são só brilhos, estrelas do cotidiano, as mesmas.

Pobres desesperados e estáticos contempladores de estrelas, se esqueceram que existe o além, o infinito escravos de um medo que lhes consome a alma.

O que se busca, é a intensidade das coisas

a surpresa e o surpreendente, a excelência e o excelente

nada que seja tão evidente.

Eis o sublime cometa, depois de uma longa espera, o observador e sua maravilhosa esfera linda, radiante, e tão intensa que se podia, ser levado em seu pó cósmico, em seu sorriso que de branco, trazia luz a toda aquela escuridão.

E num instante ele passa de observador a ser astral

pois era inevitável não se envolve com todo aquele brilho luminoso, doce cometa, tão perfeito, tão ligeiro, tão traiçoeiro que num deu nem pra sentir seu beijo.

Não se era permitido nem piscar, cometa de um amor veloz, mas que tinha a intensidade de uma vida toda, inesquecível.

 E assim se foi, mas deixou um rastro, que ainda se pode ver no céu, e que não se apagara tão cedo.

E  la esta o observador...

Que depois de contemplar, tão maravilhoso cometa

não quer mas saber de estrelas

pois sabe que cometas sempre voltam

ainda que não sejam os mesmos

eles sempre são intensos e reluzentes

capazes de mudar toda uma perspectiva.

O observador em seu observatório, agora...

Um apanhador de cometas, mas da próxima vez

 não deixara um cometa escapar tão rapidamente.

( Marcos Mariano )
Copyright tradicional (todos os direitos reservados)