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"O Grito do Ipiranga", quadro de Pedro Américo é pura ilusão.


Ola a todos caros amigos Rebobinantes, hoje quero falar de uma das pinturas mais conhecidas da arte brasileira, presença cativa nos livros escolares, é o Independência ou Morte, do pintor paraibano romântico Pedro Américo de Figueiredo e Melo.


Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905).

Quando falamos em indepêndecia do Brasil, logo vem ao nosso imaginário, o tão famoso grito de dom Pedro às margens do rio Ipiranga e o quadro pintado por Pedro Américo para representar aquele momento decisivo, em que Brasil se separava de Portugal oficialmente.

Nele, como se pode ver pela reprodução logo no começo do post, nosso primeiro imperador ergue a espada num gesto de desafio, que conta com o apoio resoluto dos civis que o seguem e das tropas reunidas ao seu lado.

Por mais inspiradora que seja a cena representada, ela tem pouco de realidade. No livro "O Brado do Ipiranga", a historiadora Cecília Helena de Salles Oliveira, faz uma análise detalhada da pintura, evidenciando toda a fantasia que seu autor projetou nela. Aliás, o próprio Pedro Américo, já havia escrito sobre o assunto um livreto, chamado "Algumas Palavras acerca do Fato Histórico e do Quadro que o Comemora". Nele, o artista afirma que "a realidade inspira, e não escraviza o pintor", justificando sua imaginação criadora.

Eu acho, já que a coisa toda era fictícia poderiam deixar isso claro pra gente né, e não tentar vender o peixe.

historiadora Cecília Helena de Salles Oliveira

Jogo dos sete erros

Antes de mais nada é interessante apontar, para quem não sabe, as diversas inverdades estampadas na tela. Para começar, vale dizer que os fogosos corcéis montados por dom Pedro 1° e seu cortejo, na realidade, eram simplesmente mulas - um tipo de cavalgadura menos heróico, mas muito mais adequado ao duro percurso que os viajantes faziam. Eles tinham acabado de subir a serra do Mar, vindo de Santos.


Numa viagem como essa, por sinal, ninguém estaria usando os luxuosos uniformes apresentados. Com toda certeza, estariam usando trajes mais simples e mais práticos, provavelmente sujos do pó e da lama do caminho. Para piorar, o próprio dom Pedro não poderia estar tão exaltado e bem disposto assim como o artista o representa. Afinal, ele havia parado naquele local em função de uma diarréia que o atormentava, devido aos seus excessos alimentares em Santos, na véspera.


Mas há mais: para que o Ipiranga e suas célebres margens integrassem a paisagem, o pintor "desviou" o curso do riacho. A rigor, ele estaria passando por trás de quem observasse a cena naquele local. Finalmente, quanto à casa de pau-à-pique vista no fundo da tela, ela pode ou não ser a que lá existe até hoje e que é conhecida como a Casa do Grito. Embora tenha sido tombada pelo Condephaat e fique aberta à visitação no Parque da Independência, o documento mais antigo que menciona a casa atual data de 1884 - 62 anos depois do grito da Independência.

Na verdade, o imenso painel pintado por Pedro Américo, que tem 7,60m de comprimento por 4,15m de altura, foi pintado em Florença, na Itália, entre 1886 e 1888. Entre sua concepção e seu acabamento, perpassam uma série de interesses políticos, que se relacionam ao declínio da monarquia brasileira e até aos ideais republicanos do pintor, embora este fosse protegido de dom Pedro 2°.

Houve também o atraso da construção do edifício-monumento onde o quadro se encontra entronizado até hoje, o Museu Paulista, inaugurado em 7 de setembro de 1895, quase seis anos depois da proclamação da República. Por fim, sobre a tela de Pedro Américo paira também uma suposição de plágio: a estrutura da cena é muito semelhante à do quadro "1807, Friedland", de Ernest Messonier, que retrata a vitória de Napoleão Bonaparte na batalha de mesmo nome como você pode ver abaixo, o primeiro é o quadro de Pedro Américo e o segundo de Ernest Messonier .


 (  fotos-Google )

10 Comentários:

Unknown rebobinou e disse...

Como gosto de estar aqui mesmo por poucos minutos, só para ler estes artigos, que acho interessante, informativos e divertido. E como você tem toda razão de escrever esses seus posters, e deixar-nos de bem com a leitura e de mal com as inganações existentes dede longe em nosso país.
Parabéns
Bravo
Abraço

Anônimo rebobinou e disse...

Muito bom amigo, é bom ver que nem todos se acomodam diante do que querem nos fazer acreditar
temos que buscar as verdades dos fatos sempre

parabéns pelo post

ass:Bruno Castilho

Marcos Mariano rebobinou e disse...

Ola amigo Lu
obrigado mesmo por prestigiar nosso blog e pelas palavras de carinho.

Concerteza amigo Bruno, não podemos fexar os olhos diante das verdades dos fatos, um grande abraço.

Anônimo rebobinou e disse...

mito bom cara legal

Anônimo rebobinou e disse...

Pura ilusão? É mto simplório dizer que ele mentiu, Pedro Américo fez as mais diversas pesquisas do ambiente e do contexto histórico e estava ciente de tudo isso que vc postou aí, o pintor até redigiu um documento que fala a respeito de todas as suas escolhas na hora de pintar.
A realidade não escraviza a pintura, o pintor tem o poder de fazer as mais diversas mudanças de acordo com a mensagem que ele quer passar.
Vc não promove o patriotismo pintando D. Pedro cagado em cima de uma mula. Portanto basta ler sobre o brado do Ipiranga para ter maior dimensão do acontecido.

Marcos Mariano rebobinou e disse...

Olá ilustríssimo amigo anônimo. Concordo com vc, realmente o artista é livre para se expressar, e bem sei que a intenção de Pedro Américo era através de sua pintura passar o sentido da beleza do ato que foi o Grito de independência. Mas isso podia muito bem ser relatado nos livros escolares, mas ao invés disso nos fazem acreditar que a história é tal como é relatado nos livros e nas pinturas, e isso também não promove o patriotismo, mas sim a revolta e a sensação de que fomos enganados.

Abraços e volte sempre, sinta-se a vontade para expor sua opinião, seja ela contra ou a favor.

Anônimo rebobinou e disse...

Mas esse fazer acreditar no que está no livro escolar se torna um problema de didática, o professor precisa se especializar nesse tipo de fonte pra poder analisar, ele pode falar sobre esses "erros" na pintura, mas isso não retira dela o seu caráter factual, a Independência está posta na pintura, independente de como ele pintou não deixa de ser um documento histórico, não deixa de conter a verdade (guardadas as devidas proporções), porém muito mais da dinâmica social em que vive o pintor e o pensamento de sua época do que o simples relato da Independência pela arte.

De qualquer forma agradeço pela forma como recebeu meu comentário ^^, e eu sou anonimo por não conseguir entrar com minha conta.

vc está de parabéns, pelos seus questionamentos

Marcos Mariano rebobinou e disse...

Olá amigo anônimo, quanto a importância e valor da pintura não discuto, e concordo que seria uma carga a mais para os professores, alem de ensinar, terem que explicar o porque disso ou daquilo. Mas eu me daria por satisfeito se ao menos nos dessem a ideia de como as coisas realmente aconteceram, e dai pra frente ficaria a cargo do aluno se aprofundar ou não no assunto.

Magina amigo, eu que agradeço por enriquecer essa postagem com seu conhecimento, aqui é um espaço democrático cujo a intenção não é ensinar, mas sim, absorver e compartilhar.

Pois é amigo, muitos tem encontrado dificuldade para comentar aqui com a conta do Google, mas já estou providenciando mais uma opção para comentar aqui, através da conta do Facebook.

Abraços

Thaide2 rebobinou e disse...

Muito bom e de grande utilidade. Precisava esclarecer algumas informações e nesse blog foi que encontrei a melhor resposta. Obrigado!

ganhar mais curtidas rebobinou e disse...

Muito legal o post^^

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